terça-feira, 19 de abril de 2011

A CIDADE E A ALDEIA

DIALGO:

Cidade - Quem és tu assim tão simples?
Aldeia - E tu quem és afinal?
Cidade - A nobreza da cidade
Aldeia - Aldeia de Portugal.
Cidade - Tenho lindas pedrarias,
" - Jóias mil, de muitas cores...
Aldeia - Eu tenho maior riqueza
" - Nas minhas tão lindas flores...
Cidade - Tenho risos e alegrias,
" - Divertimentos constantes.
Aldeia - Tenho a músicas dos ninhos
" - E canções inebriantes.
Cidade - Tenho luz de noite a jorros,
" - E não me levas a palma.
Aldeia - Tenho o sol durante o dia
" - De noite a luz da minha alma...
Cidade - Vivo em pálacios vistosos,
" - Que abundam pela cidade.
Aldeia - E eu, num casabre pequeno,
" - Que o sol beija com vaidade.
Cidade - A história fala de mim,
" - Porque tenho algum valor...
Aldeia - Também tenho a minha história.
" - Escrita com o meu suor.
Cidade - Tenho o luxo que tu vês,
" - Próprio da minha grandeza.
Aldeia - E eu o luxo e a vaidade
" - De gostar da singeleza.
Cidade - Todos que passam por mim
" - Param sempre no caminho...
Aldeia - Quantos gostam de me ver
" - Perfumada a rosmaninho!
Cidade - Sou mais rica do que tu,
" - Que nada tens afinal.
Aldeia - Tenho aqui dentro do peito
" - A "alma de Portugal".

Abílio de Mesquita. (Em Livro de Leitura para 4a classe = ou série)

Recuei no tempo... gostei de ver e lembrar... fez-me bem!
Tão simples, e verdadeiro!

2 comentários:

  1. Recordar é viver. Lembro-me perfeitamente desse texto nos anos 40, nunca o esqueci. Sou de 1938 terminei a Primária com 10 anos. Ainda este passado Domingo, em família, o recitei para os meus Netos.

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  2. Lembro quando na escola em 1950 nunnunca mais esqueci...

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