terça-feira, 1 de março de 2011

DIZ - ME.

PINTURA DE MOREAU-ADRIEN.

Diz-me amor, como te sou querida,
Conta-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arranca-me dos pântanos da vida.

Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito,
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito
Que me salve e levante redimida.

Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem ternura
Agonia sem fé de um moribundo,

Grito o teu nome numa sede estranha,
Como se fosse, amor, toda a ternura
Das cristalinas águas da montanha.

POR FLORBELA ESPANCA.

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